Rali do Pai Natal 2025: Será que o mercado de ações vai receber um presente?
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É dezembro de 2025. O Fed acabou de cortar as taxas de juro pela terceira vez, mas o S&P 500 está a tropeçar. Os traders fazem uma pergunta: será que a festa de fim de ano foi cancelada?
Todos os anos, por esta altura, Wall Street volta a sua atenção para um dos padrões sazonais mais festivos – e estranhamente persistentes – do mercado: o rali do Pai Natal. É uma janela curta, envolta em folclore de mercado, que tem o hábito de despertar otimismo precisamente quando a liquidez diminui e os investidores fecham os livros do ano.
Mas, com os dados económicos a enfraquecer e a liderança das ações a estreitar, a chegada do Pai Natal este ano parece menos certa.
O que é o rali do Pai Natal?
O rali do Pai Natal refere-se a um período de sete sessões de negociação que abrange os últimos cinco dias úteis de dezembro e os dois primeiros dias úteis de janeiro. Segundo o Stock Trader’s Almanack, esta janela proporcionou um ganho médio de cerca de 1,2–1,3% para o S&P 500 desde 1950 – um retorno superior à média da maioria dos meses do ano.
O padrão foi identificado pela primeira vez em 1972 por Yale Hirsch, fundador do Almanac, e desde então tornou-se uma tendência sazonal muito acompanhada, em vez de um resultado garantido.
Em 2025, a janela do rali do Pai Natal decorre de quarta-feira, 24 de dezembro, até segunda-feira, 5 de janeiro.
Porque é que os mercados costumam subir no final do ano
Não existe uma única razão para o rali do Pai Natal, mas vários fatores tendem a alinhar-se ao mesmo tempo:
- O otimismo das festas melhora o sentimento dos investidores
- Os bónus de fim de ano fluem para os mercados financeiros
- A venda para compensação fiscal diminui, reduzindo a pressão descendente
- Os investidores institucionais afastam-se, deixando volumes mais baixos
- As expectativas reforçam o comportamento, criando um efeito auto-realizável
Com menor liquidez, até compras modestas podem ter um impacto desproporcionalmente grande – especialmente nos principais índices.
Quando o Pai Natal não aparece, por vezes aparecem os ursos
O rali do Pai Natal tem uma reputação exagerada devido ao que se pensa que sinaliza quando falha.
Um velho ditado de Wall Street avisa:
“Se o Pai Natal não vier chamar, os ursos podem vir para Broad e Wall.”
A história sugere que a relação está longe de ser perfeita. Desde 1969, houve 14 anos em que o S&P 500 registou retornos negativos durante a janela do Pai Natal. Nesses casos, o mercado terminou o ano seguinte em baixa apenas quatro vezes, tornando o indicador mais um termómetro de sentimento do que uma ferramenta de previsão.
Ainda assim, o próprio rali ocorreu cerca de 76% das vezes desde 2000, probabilidades bem melhores do que um período aleatório de sete dias de negociação.

O contexto deste ano é invulgarmente misto.
Por um lado, os dados de emprego dos EUA enfraqueceram, sugerindo que o dinamismo económico pode estar a abrandar. Os ganhos de mercado continuam fortemente concentrados num pequeno grupo de ações de mega capitalização, aumentando o risco de correções mais acentuadas se o sentimento mudar.
Por outro lado, o Federal Reserve está claramente em modo de afrouxamento.
Com três cortes de taxas já efetuados e os mercados de futuros a preverem pelo menos mais dois em 2026, as condições financeiras estão cada vez mais flexíveis. A história mostra que apostar contra o Fed raramente é uma estratégia vencedora, especialmente em períodos de baixa liquidez, como o final do ano.
Esse vento favorável da política monetária pode ser suficiente para apoiar uma subida no final do ano – mesmo que a confiança permaneça frágil.
Pai Natal é festivo, não infalível
A sazonalidade é útil, mas não é destino.
O rali do Pai Natal não se materializou em 2023 e 2024, e no ano passado o S&P 500 caiu durante a janela festiva. Em contraste, de 2016 a 2022, o mercado registou crescimento todos os anos, com ganhos superiores a 1% em várias ocasiões.
Mesmo em anos em que o mercado mais amplo terminou em baixa, a janela do Pai Natal muitas vezes ainda proporcionou ganhos. Nos anos negativos desde 1969, o retorno mediano do rali do Pai Natal foi de cerca de 1,3%, apesar das quedas de dois dígitos ao longo do ano.
Resumindo, o Pai Natal pode ser pouco fiável – mas, historicamente, apareceu mais vezes do que não.
Um ativo a observar: Ouro
Embora o rali do Pai Natal tradicionalmente se foque nas ações, o ouro pode ser o ativo mais interessante a acompanhar este ano. Segundo os analistas, os cortes de taxas tendem a comprimir os rendimentos reais e a enfraquecer o dólar americano, duas condições que historicamente apoiaram os preços do ouro. Com o Fed a afrouxar e os riscos de inflação ainda presentes sob a superfície, o contexto macro está silenciosamente a tornar-se mais favorável para o metal amarelo.
Do ponto de vista técnico, o ouro tem mostrado resiliência em vez de fraqueza. Os preços mantiveram-se acima de níveis-chave de suporte de médio prazo, apesar da volatilidade das ações, sugerindo que as quedas continuam a atrair compradores em vez de desencadear vendas em pânico.
Se o sentimento de risco melhorar até ao final do ano, o ouro pode subir juntamente com as ações. Se as ações vacilarem ou a volatilidade aumentar, o ouro pode beneficiar de fluxos defensivos. De qualquer forma, oferece aos traders uma forma de expressar a mesma visão macro sem depender apenas da direção do mercado de ações.
Então, Wall Street vai receber um presente ou o Grinch?
Essa continua a ser a questão.
O rali do Pai Natal não é uma bola de cristal e não vai eliminar preocupações sobre o abrandamento do crescimento, avaliações ou concentração de mercado. Mas a história sugere que ignorá-lo completamente tem sido, muitas vezes, dispendioso.
Com o Fed a afrouxar, a liquidez a diminuir e o sentimento delicadamente equilibrado, os analistas referem que as probabilidades ainda favorecem um movimento no final do ano – mesmo que seja de curta duração. Quer Wall Street desembrulhe um presente ou receba um pedaço de carvão, a janela do Pai Natal está aberta – e o mercado está atento.
Perspetiva dos especialistas: Porque é que o ouro pode roubar o protagonismo ao Pai Natal
Enquanto os investidores em ações debatem se o Pai Natal aparece, o ouro pode nem precisar de convite. A política monetária expansionista, os rendimentos reais mais baixos e a incerteza macroeconómica contínua criam um contexto em que o ouro pode ter um bom desempenho independentemente de as ações subirem ou recuarem. As condições de liquidez no final do ano podem amplificar ainda mais os movimentos do mercado, especialmente se a volatilidade do dólar americano aumentar.
Para os traders, o foco mantém-se em:
- Zonas-chave de suporte próximas das recentes fugas
- RSI a manter-se acima do neutro, sinalizando estabilidade da tendência
- Direção do dólar americano durante a negociação festiva de baixo volume
- O ouro não depende do otimismo festivo – prospera com a incerteza.
Ponto-chave
O rali do Pai Natal é uma tendência sazonal, não uma promessa. Este ano, o seu destino depende do equilíbrio entre a política monetária expansionista e a confiança frágil do mercado. Observadores do mercado destacaram que, se as ações subirem, isso pode reforçar o momentum positivo até ao início de janeiro. Se não subirem, ativos como o ouro podem assumir o protagonismo à medida que os investidores adotam uma postura defensiva. De qualquer forma, o final do ano está a tornar-se menos sobre otimismo cego e mais sobre posicionamento, seletividade e gestão de risco.
Perspetivas técnicas do ouro
O ouro mantém-se numa forte tendência de alta, com o preço a negociar próximo da Bollinger Band superior, sinalizando um momentum sustentado em alta, mas também aumentando o risco de consolidação de curto prazo. A expansão constante das bandas sugere que a volatilidade continua a apoiar a tendência ascendente mais ampla.
Pelo lado negativo, os $4.035 são o primeiro suporte-chave, seguidos dos $3.935, onde uma quebra pode desencadear liquidações do lado vendedor e uma correção mais profunda. O momentum mantém-se elevado, com o RSI a subir para território de sobrecompra, indicando força mas também alertando que os ganhos podem abrandar sem uma correção.

Os resultados apresentados não garantem desempenhos futuros.