O balanço de 2025: As maiores previsões para Bitcoin, ouro e prata

Cada ciclo de mercado produz os seus profetas.
Alguns soam o alarme cedo. Outros surfam a onda até ao topo. Outros ainda mantêm-se firmes, convencidos de que o mercado está errado — até que este lhes prova o contrário.
Olhando para trás, 2025 não faltou em convicção. O Bitcoin ultrapassou tetos psicológicos. O ouro reescreveu os recordes. A prata finalmente deixou de ser coadjuvante. E, ao longo do caminho, analistas, economistas, gestores de fundos e gurus do Twitter apostaram as suas reputações no que viria a seguir.
Isto não é uma volta de vitória — nem um ataque. É um olhar objetivo sobre as vozes que moldaram a narrativa, as previsões que envelheceram bem e aquelas que tiveram dificuldades à medida que a realidade se desenrolava.
Bitcoin: o grande fosso alargou-se
Eugene Fama — intelectualmente consistente, desafiante do mercado
Se o Bitcoin teve um principal cético residente este ano, foi Eugene Fama.
Muito antes de o Bitcoin entrar no clube dos triliões, o economista laureado com o Nobel já tinha dado o seu veredito. Em conversas no início do ciclo, Fama argumentou que o Bitcoin violava as regras básicas do dinheiro: sem valor estável, sem âncora intrínseca, sem razão para sobreviver a longo prazo.
Foi mais longe do que a maioria, atribuindo ao Bitcoin uma “probabilidade próxima de 100%” de se tornar sem valor dentro de uma década.
Do ponto de vista de 2025, o mercado não só discordou — passou-lhe por cima.
O Bitcoin disparou para além dos $100.000, a adoção institucional acelerou, os ETFs spot mudaram o acesso, e os reguladores — antes vistos como ameaças existenciais — começaram a estender tapetes vermelhos em vez de barreiras.
E, no entanto, Fama não estava realmente “errado” no sentido em que os mercados normalmente o entendem.
A sua crítica não era sobre o preço — era sobre a definição de dinheiro em si. Se o Bitcoin sobreviver, argumentou, então a teoria monetária terá de mudar com ele. Nesse sentido, 2025 não refutou Fama. Apenas adiou o acerto de contas que ele acredita ser inevitável.
O mercado votou com capital. A teoria permanece por resolver.
Tom Lee — impulso, timing e convicção recompensados
Se Fama representava a resistência académica, Tom Lee personificava o instinto de mercado.
Lee já tinha ganho credibilidade ao prever quase ao detalhe a recuperação do S&P 500. Quando transferiu essa confiança para o Bitcoin — projetando $100.000 como cenário base — muitos descartaram como sendo apenas entusiasmo por ETFs.
Não deviam tê-lo feito.
Em agosto de 2025, o Bitcoin não só atingiu esse patamar, como o manteve. A tese de Lee era brutalmente simples e, em retrospetiva, brutalmente eficaz:
- Os ETFs abriram as comportas
- A oferta apertou após o halving
- As taxas baixaram e o apetite pelo risco acompanhou
Lee até avisou que a volatilidade iria afastar os investidores mais fracos — sinalizando a possibilidade de correções acentuadas antes de qualquer subida sustentada. Esse detalhe foi importante. O Bitcoin vacilou. A convicção foi recompensada. A hesitação foi punida.
Num ano cheio de previsões ousadas, a de Lee destacou-se porque o mercado se comportou exatamente como o seu modelo sugeria.
Jon Glover e os técnicos — acertaram no timing, anteciparam o fim
Depois vieram os técnicos.
Jon Glover, da Ledn, apoiando-se na teoria das Ondas de Elliott, previu a subida do Bitcoin para $125.000 com uma precisão impressionante — precisamente quando o sentimento começava a vacilar noutros lados. Essa previsão envelheceu bem.
O ponto controverso foi o que veio a seguir.

Declarar o bull market “terminado” após a correção pareceu decisivo — talvez demasiado decisivo.

Sim, o Bitcoin corrigiu. Sim, a volatilidade voltou. Mas as tendências de adoção mais ampla, os fluxos para ETFs e os ventos favoráveis regulatórios recusaram-se a colapsar juntamente com o preço.
2025 lembrou aos traders uma velha lição: os ciclos dobram, mas as narrativas nem sempre se partem.
Ouro: o vencedor silencioso que deixou de sussurrar
O ouro entrou em 2025 já forte. Terminou o ano com inegável força.
Vozes como Maria Smirnova e Rick Rule defendiam há anos que a subida do ouro não era especulativa — era estrutural. Os bancos centrais não compravam manchetes; compravam seguro. A procura oriental não era passageira; era um fenómeno cultural. E a erosão fiduciária não era teórica — era vivida.
Quando o ouro ultrapassou os $3.000 e continuou a subir, a descrença dissipou-se.
Crucialmente, os analistas que viam o ouro apenas como proteção de crise perderam a mudança mais ampla. Isto não era compra por pânico. Era gestão de balanço — dos soberanos às famílias.
A aritmética direta de Rick Rule foi a que mais pesou em retrospetiva: quando a inflação ultrapassa silenciosamente os rendimentos, possuir apenas papel torna-se uma perda garantida. O ouro não precisava de “substituir” o dólar. Precisava apenas de recuperar a sua fatia histórica nas carteiras globais.
Essa reversão começou a sério este ano.
As mineiras ficaram para trás, até deixarem de ficar
Céticos ridicularizaram as ações de ouro no início. Porque não explodiam as mineiras se o ouro estava em máximos históricos?
A resposta, como Rule apontou na altura, era simples: os bancos centrais compram ouro físico, não ações mineiras.
Mas à medida que as margens estabilizaram, a disciplina melhorou e o fluxo de caixa livre disparou, a diferença começou a fechar. Na segunda metade do ano, a reavaliação estava em curso — silenciosa, metódica, sem a euforia de ciclos passados.
Quem esperou pelas manchetes perdeu o movimento.
Prata: de eterno underdog a estrela relutante
A prata passou anos presa em modo de explicação. Metal industrial. Metal monetário. Não é bem ouro. Não é bem cobre.
Em 2025, finalmente deixou de pedir desculpa.
Bancos como o Citigroup aumentaram agressivamente as previsões, antecipando que a prata superaria o ouro — e a lógica confirmou-se. A procura de investimento disparou. As participações em ETFs subiram. O consumo industrial, impulsionado pela energia solar e eletrificação, recusou-se a abrandar.
A relação ouro/prata comprimiu-se acentuadamente, tal como os analistas previam que aconteceria quando o capital começasse a descer na cadeia.
Veteranos como Smirnova defendiam há muito que os bull markets da prata não se anunciam — aceleram. Esse padrão voltou a surgir. Devagar ao início. Depois, de repente.
Quem ainda esperava uma narrativa perfeita de oferta perdeu o essencial. A prata não precisava de manchetes sobre escassez. Precisava de procura sustentada — e teve-a.
Principais lições
Se 2025 ensinou algo aos mercados, foi isto:
- O preço não espera pelo consenso
- As narrativas envelhecem mais rápido do que os fluxos de capital
- Ser cedo só é útil se se mantiver solvente tempo suficiente para estar certo
Algumas vozes foram validadas pelo preço. Outras pelo princípio. Algumas pelo timing.
E talvez a verdadeira lição do ano não tenha sido sobre quem estava certo ou errado — mas sobre como os mercados só recompensam a convicção quando esta é acompanhada de adaptabilidade.
À medida que Bitcoin, ouro e prata entram no próximo capítulo, uma coisa é certa:
- O próximo balanço anual terá tantas vozes confiantes quanto este.
- O mercado decidirá — de novo — a quem vai ouvir.
Os resultados apresentados não garantem desempenhos futuros.